EU NÃO SABIA SER PAI – MARLON CAMACHO

Está no ar a terceira temporada do nosso podcast “PAIS EM PROTAGONISMO” e separei alguns dos meus trechos favoritos para você que ainda não conseguiu conferir.

CAMILA: Você participa do parto ou assiste o parto? Qual é a sua posição nesse momento?

MARLON: Tenho partos completamente diferentes. Quando nasceu o meu primeiro filho, há oito anos atrás, estava muito nova ainda a lei do acompanhante.

No primeiro parto eu era um convidado. No segundo parto, a história já foi outra. Eu participei ativamente das consultas pré-natais, fiz cursos, participei de rodas, no parto em si eu também fui ativo, fiz massagem, apoio o tempo inteiro. Sinto que eu tive um parto junto.

O interessante é que como eu participei do processo desde a gestação até o nascimento, o que eu não tive com o primeiro filho que foi essa conexão inicial, eu tive com o segundo desde o início. Não era mais um ser estranho, eu participei dessa construção, dessa gestação.

CAMILA: Amei o que você trouxe porque tem algo importante aqui que é a participação do homem durante a gestação. Às vezes vocês não tem espaço para falar sobre o medo do sangue, para falar sobre o medo do parto, sobre suas inseguranças, afinal vocês também tem emoções e sentimentos. Ficamos sempre preocupados em cuidar da mulher e do bebê e acaba esquecendo dessa figura que também está gestando e parindo. Os pais precisam estar incluídos na conversa como protagonistas.

MARLON: Eu lembrei que no primeiro pré-natal do meu filho, a minha definição de “qual foi a minha participação” e eu era: o motorista a agenda. Meu papel era levar para a consulta e os médicos me passavam a função de lembrar minha companheira a tomar os remédios. Não me lembro de me perguntarem se eu tinha alguma dúvida, como eu estava me sentindo.

Cuidar de filhos é um assunto de todos nós. Por mais que tenhamos a capa de ser o provedor e a segurança. Nós temos medo, angústia, preocupação, ansiedade e eu preciso colocar isso para fora, se não eu vou descarregar isso na relação, na mãe, na criança, no pós-parto que já é difícil e estressante.

CAMILA: Como você achava que seria antes de ser pai e como foi? 

MARLON: Foi muito diferente. A paternidade que eu vivi foi referente a 95% da referência paterna que eu tive. Sem questão de certo ou errado, era uma paternidade diferente. Não lembro do meu pai sentar no chão e brincar. Meu pai nunca trocou uma fralda, nunca preparou uma refeição, nunca teve que ficar uma tarde para a mãe sair ou o dia inteiro com as crianças.  Eu sabia que a minha paternidade ia ser diferente mas eu não tinha noção do quão diferente.

A pior sensação que nós homens sentimos é a de impotência. É a de não saber. Não conseguir. Por isso que muitas vezes o cara tá perdido no trânsito meia hora, ele não pára para pedir informação.

Quando eu me deparei com a paternidade, eu tive essa sensação: eu não sei e eu não consigo. E isso foi muito difícil. “eu não sei cuidar de criança, eu nunca tinha pego nenhuma criança no colo, eu não era um cara que brincava, eram vários não sei e um não quero e não consigo. Um estresse e muito difícil. Isso me acompanhou principalmente nos três primeiros anos do meu filho.

Eu estava lutando por algo que já estava feito, com a minha paternidade. Eu amo ser pai, eu estou aprendendo a ser pai e eu preciso fazer as pazes. Com isso, eu fui procurar o que eu preciso aprender para ser o pai que eu quero.

A paternidade tinha mudado minha vida e eu não tinha lido nenhum livro sobre o que é ser pai, como educar e cuidar de uma criança. Eu não estava preparado para isso.

A gente consegue mesmo que não saibamos. As mulheres foram induzidas ao cuidado e o homem não. Nós temos dificuldade em cuidar do outro, cuidar da gente.

Eu achava um absurdo eu ter que cortar a unha do meu filho.

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